Câmara repudia “violência verbal praticada pelo prefeito” contra assessor parlamentar

ProfessorFio 27.02.2023 Moção 01Professor Fio, durante leitura da Moção de Repúdio: documento destaca que “democracia não é autoritarismo”, e critica o prefeito por ter humilhado assessor parlamentarFoi aprovada pela Câmara a Moção 3/2023, “de repúdio aos atos de violência verbal e humilhação praticados pelo prefeito Edivaldo Brischi [PTB] ao assessor Givanildo Gomes”, que atua no gabinete do vereador Professor Fio (PTB). O texto, de autoria do próprio parlamentar, foi votado na sessão ordinária desta segunda-feira (27) e teve seis votos favoráveis, cinco contrários e três abstenções (veja a relação nominal no site da Casa). 

A propositura cita reunião ocorrida na prefeitura, no dia 9, da qual Fio foi convidado por moradores das Chácaras Recreio Planalto para participar. “Como não pude estar presente, pois já tinha um compromisso, enviei meu assessor para me representar. O senhor Edivaldo [...] se assustou ao ver meu assessor [...] e de forma desequilibrada, bateu na mesa e disse que não faria a reunião enquanto ele não se retirasse, o humilhando na frente de todos”, diz.

Ainda de acordo com a Moção aprovada, o assessor parlamentar, conhecido como Giva, ligou para o parlamentar, “sem saber o motivo desse ato de fúria” do chefe do Poder Executivo, e “foi orientado a explicar o ocorrido para a população e se retirar [da sala], para não agravar o fato”. “O prefeito, então, ainda continuou a difamar a mim e ao meu assessor, dizendo que não era mais para nos atender na prefeitura”, completa o parlamentar, na propositura.

O documento ainda destaca que “democracia não é autoritarismo”. Afirma que o fato de os parlamentares efetuarem cobranças e pedirem soluções “vem irritando o Poder Executivo, que faz diversas promessas e não cumpre”. Sugere, ainda, uma reflexão sobre o papel dos assessores, que representam os vereadores em muitas agendas, e manifesta expectativas de que o prefeito “aprenda” que as demandas apresentadas são em favor da população.

DEBATES DEMORADOS

ProfessorFio 27.02.2023 Moção Painel 02Televisão exibe painel de votação: documento foi aprovado com seis votos favoráveis, cinco contrários e três abstençõesLongas discussões foram travadas entre diversos vereadores, na sessão (assista à íntegra neste link do YouTube da Câmara). Paranhos (MDB) disse que o prefeito “perdeu a oportunidade” de se desculpar com o assessor, em relação a um fato que inclusive ocorreu em público, diante diversas pessoas. “É com muita vergonha que a gente lê uma Moção dessa [...] Nós temos que repudiar [a atitude do prefeito]”, afirmou. Bruno Leite (UNIÃO) disse que o chefe do Executivo precisa entender que vereadores e assessores o procuram para apresentar as demandas da própria população. Andrea Garcia (PTB), como líder de governo, disse que a Câmara deveria ter “mais respeito com o Executivo também”; afirmou que não presenciou ao fato citado na Moção; que “ninguém merece ser maltratado”; mas alegou que o prefeito talvez não estivesse “num bom dia”, e que possivelmente “irá se retratar”.

Altran (MDB) disse que a raiva do prefeito não poderia ser descontada em assessor parlamentar. “Sou totalmente contra um prefeito expulsar um servidor aqui da Casa de Leis”, salientou o presidente da Câmara. Já a vereadora Camilla Hellen (Republicanos) disse que se solidarizava com o assessor, mas que seria complicado julgar algo que não foi presenciado por ela. Afirmou, ainda, que Casa foi palco de muitas “palavras pejorativas”, direcionadas ao Executivo e aos próprios vereadores. “Muitas quebras de decoro [ocorreram no Poder Legislativo], várias vezes”, relatou.

Wal da Farmácia (UNIÃO) disse que eventuais crimes contra a honra são resolvidos no Poder Judiciário, e que os vereadores têm imunidade parlamentar por seus discursos. Lamentou o ocorrido com o assessor, e disse considerar que o prefeito deve pedir retratação. “Nós precisamos, hoje, ter paz política, porque, senão, a cidade não anda”, afirmou. Fio, que havia lido a íntegra do texto, no início da discussão, também comentou o assunto. Ele disse que se tratava de uma “falsa analogia” atribuir a atitude do prefeito a uma resposta a eventuais desrespeitos sofridos, pelo chefe do Executivo, vindos de vereadores. “Se alguém te ofendeu, você responde e resolve com aquela pessoa. Você não pode, porque é desrespeitado por um, desrespeitar o outro”, destacou. Ele também disse que protocolou a Moção após prefeito “não agir com a verdade”, afirmando à imprensa que a relação com a Câmara seria amistosa. 

Foto Lado a Lado